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Eu, António

Um encontro profundo entre as minhas viagens e a escrita, é o motivo para partilhar o que me faz feliz, com todos vocês.

Eu, António

Um encontro profundo entre as minhas viagens e a escrita, é o motivo para partilhar o que me faz feliz, com todos vocês.

A Minha Dentista!

Todos aqueles anos em que ouvia dizer que ir ao dentista era um pesadelo, aquela imagem de brocas a salpicar-me os dentes, deixavam-me para além de enjoado, enfadonho e medroso com tal situação. Mas afinal, é tudo mentira, quando vou ao dentista, gosto de lá ir e quando saiu do consultório, estou desejoso de voltar de novo!

Hoje foi mais um desses dias, fui para o dentista mais uma vez de sorriso rasgado, vou com meia hora de antecedência não vá alguém querer entrar naquela sala primeiro que eu e arrancar os primeiros sorrisos a quem lá está.

Quando chego a porta está fechada e penso que talvez ainda ninguém tenha chegado, aguardo pacientemente quando ao longe, no parque de estacionamento avisto uma cara conhecida, diferente daquilo que costumo ver sempre que lá vou. Espantado o meu sorriso interior rasga-se em jubilo e numa dança interior de pensamentos, salto de alegria e só de a ver, só de a ver o mundo desaba e volta a erguer-se, só de a ver para além da distância, tenho vontade de saltar de alegria, anseio pelo cumprimento apertado, um toque suave e doce como só ela consegue fazer com que mexa comigo!

Aguardo impacientemente, pois os meus dentes já ressacam por aquele arranjo fulcral em que são alvos desde que coloquei de novo aparelho, os meus dentes já se ressentem da falta daquela visita mensal. Tenho quase a sensação que os meus dentes arranjam uma desculpa para lá voltar antes da data marcada. É nesta altura que devem estar a pensar que devo ter algum problema psicológico ou algo do género. Na verdade estou com um enorme problema e agrava-se sempre que entro naquela sala de dentista.

Ninguém imagina os milhões de pensamentos que me surgem sempre que estou naquela sala deitado de boca aberta, olhos nos olhos com quem me trata! Ninguém pode ter as certezas que me passam na cabeça sempre que aquele momento chega e eu ali deitado, impávidos e sereno para a vida num suspiro que quase se podia chamar de amor!

O toque, o silêncio enquanto sou tratado carinhosamente por aquela pessoa que para além de tudo é a mulher do meu olhar, a mulher que penetra-me os olhos enquanto estou ali deitado sem expressão no rosto derivado à situação em si. O tempo vai passando e eu desejando que ele não passe, queria que uma consulta durasse o dia inteiro durante vários dias e no meu egoísmo de quem gosta de olhar aquele olhar, desejava que eu fosse o seu único paciente...
 
... Continua...
 
António Vieira Da Silva
 

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