Abraça-me no silêncio...
Abraça-me, abraça-me no silêncio da noite que nos enrola numa manto de ar frio que corre pela minha janela entreaberta, abraça-me com um beijo do tamanho do mundo, chega-te lentamente para o meu abraço, deixa que o silêncio tome conta das palavras e que a noite seja responsável pelas nossas loucuras.
Tenho saudades do teu sorriso, saudades do cheiro do teu perfume, tenho saudades da suavidade dos teus dedos, ainda que nunca os tenha sentido, é fácil imaginar, é fácil imaginar a saudade que sinto por ti neste momento em que o calor da paixão toma conta de mim!
Abraça-me, abraça-me lentamente porque hoje quero sentir-te, porque hoje quero tocar-te de mansinho, porque hoje quero sonhar contigo e acordar amanhã ao teu lado! Encher-te de beijinhos ou então adormecer de novo agarrado à almofada que ainda tem o doce do teu perfume!
E se o amanhã não chegar, e se tudo isto for um sonho, se tudo isto não existir e a saudade de ti, for uma imensa loucura que o teu olhar me fez acreditar?
Abraça-me, faz de conta que tenho frio, faz de conta que é uma despedida, faz de conta que é só um abraço, apenas faz com que esse abraço seja eterno e fique para sempre gravado no meu coração, gravado no silêncio da noite que nos entrelaça na melodia de uma só voz, a tua!
Tu sabes quem eu sou? Beija-me, saberás o que sou e o que tenho para te dar!
António Vieira Da Silva